de galochas na cozinha

Cineminha

Passei a semana em SP, no apartamento que eu dividia com minha irmã e meu primo quando eu estudava na PUC. Irmãzinha foi viajar bem quando começava a reforma do banheiro (interditado desde novembro/2010,  por que nosso banheiro dos anos 60 decidiu que ia ser legal armar uma cachoeira no andar de baixo. Pelo menos ficamos conhecendo o casal vizinho. Puta dum lado bom hein), então fui lá eu pra marcar presença. Saca só a cara que tá agora:

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Agora, caríssimo leitor, é aquela hora que você olha pra mim com cara de “eu venho aqui pra ler sobre comida, não sobre seus problemas hidráulicos” e eu respondo com um sonoro “sossega aê, quem manda nessa joça soy yo”. … É mentira, eu *nunca* falaria uma coisa dessas pra vocês, eu não sou uma capricorniana de coração de pedra que trata suas pessoas queridas no tapa. Quédizê.

Ah, você ainda tá procurando explicação? Eu precisei falar da reforma do banheiro pra justificar o fato que, 18hs da quinta-feira, depois que os pedreiros foram embora, eu precisava sair do apartamento. Eu cheguei a essa conclusão quando comecei a ouvir martelada e tijolo quebrando num apartamento completamente vazio.

Solução: Cine Livraria Cultura. Quase garantido que a sessão estaria vazia. Certeza que não ia ter gente comendo pipoca como se tivesse passado 3 meses de jejum. E, mais importante, o ponto absolutamente crucial, não tem sinal de celular na sala. Então eu não ia receber ligações de síndico/vizinho/pedreiro/família/torcida do Curíntia. Mensagens de texto não chegariam. Eu teria 2 horas pra me recuperar do meu mal humor. Suuuuuuuuuucessuuuuuuuuu

O filme que eu vi foi o seguinte:

Eu gostei bastante. Primeiro, alguns problemas: tenho a impressão que se eu não soubesse alguma coisa sobre o processo de fazer queijo eu teria ficado um pouco perdida. Outra crítica é que o câmera parecia ter mãos não muito firmes, algumas entrevistas me deram um pouco de aflição (“custava ter usado uma bosta dum tripé” foi o meu pensamento na hora). E tudo bem que, de vez quando, fica legal se durante uma entrevista o foco sai da cara da pessoa e mostra as mãos, ou a criança que tá do lado, mas em excesso fica chato. Ainda mais quando não era pertinente, ficou parecendo pedantismo.

Fora isso, o documentário é muito bom. Os entrevistados são interessantes, e não foram tratados de maneira condescendente. A crítica é pertinente. Uma coisa que normalmente me irrita em documentários é quando eles me lembram daquelas pessoas chatas pra caralho, de voz aguda, que sempre aparecem em manifestação/protesto, que acham que precisam gritar no megafone. Esse filme não é assim. Esse filme sabe que a questão que está abordando é interessante, e que não precisa destruir os tímpanos das pessoas pra mostrar isso.

A questão, no caso, é a produção artesanal de queijo minas, usando leite cru. Por causa de uma lei dos anos 50, o queijo minas de pequenos produtores não pode ser vendido fora do Estado de Minas Gerais, apesar de que o modo de fazer do queijo tenha sido declarado patrimônio cultural. Mesmo assim, a produção continua, e sai de MG de forma ilegal.

Ao que parece, só estão mostrando ‘O Mineiro e o Queijo’ no Livraria Cultura, então corre lá pra assistir. E se alguém quiser me trazer um pedacinho de queijo meia-cura, faz favor.

Slurpy, burpy

Eu reclamo muito da Nigella aqui?

Coloca no 0:26:

Eu não era (tão) desastrada

Depois do encontro fatal do meu indicador esquerdo com a faca foi a vez da minha mão direita não se entender com um cabo de panela.

Eu tinha feito a meeeeeeeeeeerda do estúpido tarte fucking tatin, deu tudo certo, a profs amou, falou que tava ótimo, que tava uma delícia sem igual. Essa sobremesa imbecil vai no forno numa panela, e depois de virar a torta no prato deixei a panela esfriando na bancada. Passados uns bons 35 minutos, eu tinha acabado tudo que tinha que fazer aquele dia, e levei a bagunça toda pra pia. Eu não sei como não queimei a mão nesse translado, mas o fato é que só vi a cagada que tinha feito quando não tinha mais volta. A menina que tava lavando panela do meu lado viu minha cara e perguntou se tava tudo bem. Niqui eu começo a chorar. ENQUANTO EU LAVAVA A LOUÇA!

Resultado:

burn baby burn

E tive que assistir aula naquela tarde da seguinte maneira:

e o medo de derrubar o celular dentro da água?

O pior de tudo era a cara de “mano, que merda você fez agora?” dos coleguinhas.

Dinos are forever

 

Isso é o que acontece quando, durante a demonstração de macarrão, pra mostrar a diferença de textura entre massa branca e de espinafre, a professora passa pedaços de massa pros alunos.

 

 

 

 

Chocolate

No final de cada manhã na cozinha, todo mundo servia uma porção de cada coisa que tinha preparado, montando os pratos como se fossem pra servir em um restaurante.

Nesse dia da foto eu passei 1h30 fazendo esses copinhos de chocolate, pra depois descobrir que todos os outros alunos tinham usado uns que já vinham prontos (IGUAIS). Foi o serviço mais esparso dos 3 meses: mousse de chocolate, trufa. Sem graça pacas. Tipo, a professora deu até uma risada quando viu (ou não viu, no caso) a minha produção do dia, considerando que eu tinha estado completamente ocupada a manhã inteira. Mistérios da vida.

Como eu consegui limpar a bancada de todo o chocolate derretido que eu derrubei esse dia é umas das coisas que eu nunca vou entender. E note o fato que eu só lembrei de tirar a foto depois que a professora já tinha experimentado o mousse, e tentei disfarçar o fato com hortelã. Baixo nível.

 

 

Outro livro

emprestado da colega

 

Esse não é um livro de receitas, e também não é um livro fácil de ler. Esse é um livro técnico, mais de ciência do que de história ou cultura (como tenta enganar o subtítulo). Encare o fato que a recomendação vem do Heston Blumenthal como um avyso!

A capa da edição brasileira é um pouco mais vanilla, e acho que vai ter gente comprando McGee achando que tá levando Nigella. Mas devo dizer que esse é um dos melhores livros de cozinha que comprei em tempos recentes, que realmente te ensina alguma coisa ao invés de mostrar algumas fotos bonitinhas e receitas com um monte de erros.

 

São Tomé

Tava olhando os posts velhos do blog, e vi a foto do meu dedo. Meldels, como ficou feio o negócio! Eu tinha esquecido total…

Vamos fazer retrospectiva?

No dia em que cortei meu dedo, ele ficou assim (não tive presença de espírito de tirar foto antes de fazerem o curativo):

trabalhada no estilo bandage

Com um freak-out de como eu ia dormir sem causar minha mão a começar a sangrar horrores, mais a dúbia distinção de passar o dia todo com o dedo apontado pra cima, essa semana não foi das melhores.

Daí, 4 dias depois, na hora de trocar o curativo:

desculpa a foto embaçada, esqueci de acionar o foco

Foto inédita! Na hora eu tinha achado meio baixo nível colocar isso aqui, mas considerando que já falei da minha diarréia… Escrúpulos pra quê?

Daí…

a partir daqui eu podia ficar sem curativo, dando susto na galera. Divertido pacas

E hoje, depois de revisar essas fotos todas, olhei pra minha mão como ela está agora:

incredulidade

Ver pra crer, hein. Bisurdis. O corpo humano se regenera.

 

 

 

Lojinha

Livros e documentários que eu vi na loja da escola mas não comprei, por causa de restrições diversas.

Um dos livros da chef do Petersham, em Richmond. O restaurante foi recentemente Michelin-zado. Várias receitas de ingredientes obscuros (e impossíveis de encontrar no Brasil. Ou seja, sem sentido pra mim). Mas as fotos são lindas e as receitas parecem bem escritas. Fica pruma prox.

Documentário sobre abelhas, e como a extinção das abelhas significará o fim do mundo como nós o conhecemos (sem zueira uma das temáticas mais assustadoras pra mim). Não tive bolas de comprar esse filme, achei que ia ficar sem dormir.

Outro documentário, esse sobre a indústria do pão. Ainda mais assustador que o das abelhas, que era Livre. Esse é 12 anos! Medo!

Clássico do Che-Pa, mas desconfiei que acharia ele em SP.

Primeiro livro do Stevie Parle, que fez o curso em Ballymaloe. Uma das meninas que morava comigo tinha trabalhado lá, e sempre falava coisas muito boas. Fiquei com preconceito do livro por causa da recomendação da Nigella, e também minha mala tava ficando mei chei, tive que fazer decisões difíceis.

Enciclopédia para hippies do século XXI. Ou seja, me identifiquei. Mas o livro era meio gigantesco. Deixa saudades.

Em um mundo ideal eu sou uma pessoa que se organiza para fazer geléias, pickles, conservas variadas. E que come derivados de leite sem efeitos colaterais. Se é pra sonhar, sonha grande logo não é mesmo.

Eu ia procurar tudo no Amazon pra facilitar, mas decidi evitar a fadiga. Confio na capacidade de vocês de enfrentar essa sozinhos.

Só para onívoros

Mais ou menos no meio do curso tivemos uma excursão com a escola. Visitamos um cara que defuma salmão, uma família que faz queijo tipo roquefort, um restaurante que só serve carne no osso, uma feira de micro-produtores no estacionamento de um shoppis centis e, por último, pra completar o dia, um açougue.

Não qualquer açougue, mas um que só trabalhava com fazendas locais e que também abatia os próprios animais.

(pausa dramática)

as carne pendurada tudo

Tiram o couro, as entranhas, deixam tudo limpinho e depois as carcaças ficam penduradas em um ambiente com temperatura e humidade controlados. No caso da carne bovina (no fundo), as metades do animal ficam penduradas 5 semanas.

Na saída, compramos alguns steaks pra fazer em casa. A carne maturada fica bem diferente da carne mais fresca que a gente come no Brasil, com um gosto mais pronunciado (dizer que tinha “mais gosto de carne” vai me deixar com cara de idiota, mas é meio isso) e mais macia. A dificuldade de montar um esquema desse num país tropical a gente nem precisa lembrar. Também não entendo muito da indústria frigorífica brasileira pra ficar me achando A expert em carne. Mas que tava bom, tava.

(o açougue era o McGraths Butchers, em Lismore, County Waterford)

Peixe do Monge

*plenty* more fish in the sea

Coitado do monkfish (tamboril), feeeeeio que dói. Mas a carne (?), antigamente conhecida como “lagosta de pobre”, é muito boa. Tem textura bem firme, então não despedaça quando é grelhado. Uma receita que o pessoal da escola gostava muito era curry tailandês com esse peixe, com leite de coco e bastante coentro (o mundo se divide entre os que amam coentro e os que odeiam. Todas discute.)

Te mentir não, cortar tamboril é um pé no saco. As membrana tudo.